O Sino: Máquina do Tempo Nazista

Comentário - O Sino: Máquina do Tempo Nazista

Imagine, e se você pudesse voltar no tempo?

E se você pudesse mudar a sua história? Ou quem sabe, toda a história da humanidade? E se isso já foi feito? E se foi, por que não nos lembramos?

Essas e outras questões são apresentadas de forma brilhante no livro O Sino: Máquina do Tempo Nazista, da Drago Editorial.

Essa não é uma resenha comum, no texto abaixo também há comentários sobre a obra em um bate-papo muitíssimo agradável com o autor Rogério Silva.

Rogério Silva é Reservista da Marinha, Hidrógrafo, navegador com mais de 700 dias de mar, e especialista em Fotogrametria e Sensoriamento Remoto.

Trabalha como Analista de Sistema de Informações Geográficas. Apaixonado por literatura, Ficção Cientifica e Fantasia. Filho de professora de música herdou gosto pela sabedoria, que foi bastante acentuado pelo seu longo período na Marinha Brasileiro.

Sem mais delongas, venha viajar no tempo conosco.

Sinopse:

“O Sino é uma obra de ficção científica, histórica e realidade alternativa."

Um experimento nazista conduzido em 1940, com um dos primeiros HAUNEBU (Discos Voadores), torna possível viajar no tempo. Dois viajantes nazistas são mandados à plena revolução hippie, em Londres, para verem “A Glória Vindoura do 3º Reich”, mas retornam trazendo livros que revelam que a Alemanha perderá a guerra cinco anos depois, em 1945.

Então, um plano é elaborado para impedir que vários fatos históricos aconteçam, o que leva a Alemanha à vitória, em 1943. Porém, enquanto o plano é executado, verifica-se que os livros de história começam a se alterar automaticamente e que as pessoas não têm mais lembrança do passado que existia antes das alterações, exceto por um livro e o diário de um Oficial. Rudolf Scherner, que o passa a seu filho Werner, antes de morrer.

No presente, o filho do oficial, de posse do diário, foge para o Brasil com sua família, ao ser perseguido por neonazistas que querem, a todo custo, obtê-lo para reconstruir a máquina do tempo e, mais uma vez, alterar a história a seu favor. Caberá a Roger, personagem do livro que encarna várias características do próprio autor, salvar a família Kant e impedir que o diário caia em mãos erradas.

Se a história foi mudada, porque não nos lembramos de nada?”

“Era uma quinta-feira à noite e eu estava vendo televisão quando me veio a história do livro. Foi como se um filme passasse na minha cabeça. De quita pra sexta eu dormi muito mal. E sexta-feira a história martelando na minha cabeça, e eu não consegui dormi de sexta pra sábado.

Sábado pela manhã quando me levantei, eu falei – ou eu escrevo, ou eu enlouqueço. "Ai em três meses juntando com o tempo de pesquisa eu escrevi as mais de 270 páginas do livro.” – Declarou Rogério.

De um fã de teorias da conspiração para outros (ou não), não podia deixar passar a oportunidade de falar sobre esse livro. São pouquíssimos os autores atuais no Brasil que conseguem criar uma obra literária tão rica em história e ficção. Sendo assim, vamos a análise do livro!

Expectativa: Bom ou Ruim?

A expectativa é um problema que constantemente estraga qualquer bom filme, livro ou peça teatral.

E perfeitamente natural que cada um tenha a sua própria ideia a respeito do livro.

Uma obra nunca é exatamente igual à imagem que você idealizou. Pode ser melhor, pode ser pior... Tudo vai depender do seu nível de expectativa.

Por mais que eu goste do livro, sempre aconselho as pessoas a ler com a mente aberta e sem preconceitos. Quanto mais neutro você for, mais chance terá de gostar.

Portanto, tente não se guiar por sua expectativa, apenas leia, divirta-se e tenha opinião própria. Ok?

Leitura rápida ou Prolongada?

“Eu só conseguia pensar no monstro que havíamos criado e em como faríamos para sair dali.”

Um zumbido alto, como o ruído de um motor elétrico, começou a ouvir. Logo, ficou mais alto que o barulho do ar sendo sugado, e ouvimos um enorme estrondo de explosão, seguindo pelo que se podia descrever como uma nuvem de luz se expandindo e depois dissipando rapidamente, até se transformar numa névoa de luz azul, fria, que se apagou vagarosamente.

Tudo ficou escuro” – um trecho do livro que a meu ver, é esplendido.

Há meu ver, existem dois tipos de livros - os romances de leitura rápida (Fortaleza Digital, Petrus Logus, etc.) e aqueles mais densos (Senhor dos Anéis, A Batalha do Apocalipse, etc.) que devem ser digeridos de forma mais concentrada.

Sinceramente, acho que ambos os estilos são bons. Adoro poder devorar um bom livro em uma única viagem de avião. E amo poder deliciar lentamente um livro.

O Sino fica no meio termo. Pode lê-lo de forma ligeira e a diversão estará garantida. Mas, fica a dica: Se você quiser ler tudo numa tacada só, é provável que deixe escapar muitos detalhes interessantes. Sendo assim, leia devagar e pausadamente para enxergar a grandeza literária que O Sino representa.

Questões x Questões + Questões = 100% de Curiosidade

”Como você saberia que algo estava fora do lugar, se o mundo inteiro estivesse? E se estivesse assim há muito tempo, mas não devesse estar? E se o que você aprendeu na escola estivesse errado? E se tudo estivesse errado?” – um trecho do prologo.

Assim como no paragrafo acima, todos os capítulos levantam questões que inevitavelmente nos coloca a pensar muito sobre a passagem de tempo, fatos históricos e a “suposta” realidade em que vivemos. Não dá pra ler esse livro sem ter algum tipo de epifania!

Como já havia perguntado no inicio: E se você pudesse voltar no tempo? É uma simples pergunta, mas com respostas quase infinitas. E isso pensando apenas em uma visão pessoal, imagine em uma visão global. Ter o poder ou tecnologia para alterar toda a realidade como a conhecemos. Ou até mesmo criar uma nova realidade.

“Agente lembra das aulas de história que quem ganhou a Segunda Guerra Mundial foram os aliados. E que a Alemanha perdeu a guerra em 1945. E se eu dissesse que a Alemanha ganhou a guerra em 1943 e que os Estados Unidos não entraram na guerra? Que não houve a revolução de Bolcheviques? Que não houve ataque a Pearl Harbor porque os alemãs impediram os japoneses?

E se eu disser que a Europa se tornou a Grande Alemanha, que a Ásia ficou sobre domínio japonês e que a África virou uma terra de ninguém porque não havia grandes exploração? Que o continente americano se tornou Bloco Interamericano para fazer frente a Grande Alemanha? E que isso tudo durou ate 1976, quando a historia foi corrigida” – Rogério tentando dar um nó na minha cabeça!

Pense comigo, e se alguém voltasse no tempo e impedisse o nascimento de Adolf Hitler? Já imaginou quão diferente a nossa sociedade estaria nós dias de hoje? A economia? A tecnologia? A geografia?  São muitas questões geradas por apenas uma pergunta: E se você pudesse voltar no tempo?

“Os alemãs já tinham o projeto da bomba nuclear. E eles a construíram. Mas ao invés de joga-las em seus adversários, jogou em seus aliados, Rússia e Japão.” – Rogério, o estrategista.

A historia nos é apresentada de uma forma tal, que chega a confundir os pensamentos. A momentos em que se bate a duvida: será que essa historia é real? Isso realmente aconteceu?

“Só tem uma pergunta sobre esse livro que eu não respondo, o que é real e o que é ficção?” – Rogério.

Muitos dos fatos ocorridos na historia são correlacionado a Teoria da Relatividade de Albert Einstein. Ou seja, espaço e tempo são unos, não podendo ser dissociado um do outro. Talvez você pense, ah isso é meio clichê... Mas posso assegurar que nada é oque parece. Ha grandes e agradáveis surpresas a cada pagina.

Assuntos Humanos

Este é um livro que trata bastante de questões humanas. Como assim? Simples, parte do livro é uma viagem por um dos trechos mais sombrios da História humana. Acho que todas as obras literárias deveriam ser assim. Mexer com o imaginário baseando-se no legado da humanidade.

“Segunda Guerra Mundial é um assunto que eu sempre gostei muito". E quando eu fiz a viagem de instrução da marinha em 1990 eu tive a oportunidade de visitar a praia de Normandia, onde foi feito o desembarque da tropas aliadas em 16 de junho de 1944. E lá existem os portões até os dias de hoje. E se não tivesse ocorrido essa invasão, eu e você não estaríamos aqui.” – Disse o autor visivelmente emocionado.

Entenda que o livro não é necessariamente um romance histórico. É claro que eu fiz uma pesquisa apurada sobre lugares e povos, mas não me prendi tanto a fatos.  Por isso volto a dizer que é um livro riquíssimo.

E se há algo que realmente me abalou muito nesse livro, é quando são abordados temas racistas. Para quem não sabe, eu (Tio Lon) sou negro, e já senti na pela a fúria de pessoas preconceituosas. Rogério aborda esse tema, não de forma suave, mas mostrando a realidade crua dos movimentos New Nazistas e toda a sua truculência abissal.

Ritmo

“A Alemanha perdeu a guerra em 1945, da primeira vez que aconteceu. E aconteceu mais de uma vez.” – Rogério embaralhando de vez meus pensamentos.

O Sino é recortado por uma série de flashbacks contido nos relatos de um diário. Alguns deles são curtos; outros, muito longos. Os detalhes desses trechos são os que mais nos coloca em cheque quanto a veracidade da historia. Como disse no inicio, a momento que é sim possível questionar o que é real ou não. Junto a isso, vem um ritmo frenético com diversas fatos acontecendo quase que ao mesmo tempo.

É um livro que empolga desde a primeira pagina. Mas com tantos detalhes envolvido, se ler rápido demais, corre-se o risco de passar despercebido por um ou mais detalhe.

A Narrativa é intensa e dinâmica prendendo-nos a cada paragrafo. É impossível ler esse livro e não ver um bom filme passar em sua mente.

Quadrinhos... e outras mídias.

Em certo momento da conversa eu perguntei a Rogério se havia interesse em retransmitir essa história em outras mídias, como quadrinhos. Ele declarou o seguinte – Isso seria uma narrativa transmidiatica. Eu já pensei em fazer isso. Uma das primeiras coisas que eu pensei foi em fazer uma quadrinização dessa história ou um tipo de missão interativa para o Sino. Mas eu não desenho nada. Mas seria interessante para demonstrar os fatos que ocorrem ao mesmo tempo entre um capitulo e outro do livro.

E quanto ao teatro... – Não seria má deia. A narrativa de O Sino já é como a de um filme. É um caso a se pensar.

Há também mais dois projetos em andamentos. Um falando sobre os mistérios da Pedra da Gávea, e o outro será um romance de terror envolvendo contos e causos de Angra dos Reis, RJ.

Se você concorda, discorda ou quer dar sua opinião, comenta embaixo, curta e compartilhe.

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By: Tio Lon.